segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A prova do nove


O nº9 da Revista BANG! (Saída de Emergência) irá ser lançado na próxima sexta-feira, às 21H30, no fórum da loja FNAC do Centro Comercial Colombo (Lisboa). Com as presenças do director Luís Corte Real e da editora Safaa Dib, mais os convidados João Morales (director da revista literária Os Meus Livros) e do autor Jorge Palinhos. Apareçam.

Fica a informação de que a rubrica Os Livros das Minhas Vidas deste número consiste numa crónica minha sobre três livros que foram muito importantes para mim, cada um à sua maneira especial. Querem saber quais são? Procurem-nos, pois, nesta edição da Revista BANG!
Segue um excerto:
«Para ser sincero, um convite para falar sobre os livros da minha vida soa como o som trítonocárpico das falanges da mão da morte a bater-me à porta, pois se a invitação se refere aos livros da minha vida, então tenho de aceitar que ela está perto do fim e não vou ter tempo de ler mais nenhum título: mortis en solatium. Talvez. De qualquer das formas, os livros da minha vida – no mínimo da que vivi até este momento; e no limite até ao final da escrita deste texto – não são apenas os livros que eu li, mas aqueles que escrevi. De uma forma ou de outra, os livros são uma parte muito importante da minha vida, porque a leitura e a escrita são duas ocupações às quais devoto a maioria das horas. No início deste parágrafo empreguei o verbo “falar”, porque é isso mesmo que estou a fazer convosco: a contar-vos um bocadinho de que é feita a minha experiência com os livros. Apenas um bocadinho – é, somente, uma precaução da minha parte, de modo a evitar a insolvência de memórias e garantir que me sobra algo sumarento para pagar ao barqueiro, porque o maior pecado que se pode cometer, mesmo depois de morto, é o da negligência. (...) Os livros da minha vida são, também, como indica o título desta rubrica, os das minhas vidas, porque as pessoas que fui quando os li e quando os escrevi são um pouco diferentes da que sou neste instante. Porém, tanto uns como os outros são melhores que os sonhos em que podemos visitar os nossos mortos, porque basta tirá-los das estantes para conversarmos com versões mais jovens, mais optimistas e mais ousadas de nós próprios. Versões que já morreram, evidentemente, mas é mantendo essas presenças do passado na biblioteca que construímos carácter e perduramos no tempo. Escrever é trancar a porta pela qual a morte quer entrar, mas ler é abrir janelas.»