sexta-feira, 30 de março de 2012

Lançamento de "Cabaret Portugal" de La Chanson Noire


No próximo Domingo, às 17H00, La Chanson Noire apresentará no Museu da Música o seu novo álbum, intitulado Cabaret Portugal, numa grande festa de lançamento, com música ao vivo e participações especiais.

Este álbum, composto e interpretado por Charles Sangnoir, é o sucessor do álbum de estreia Música Para os Mortos e consiste em mais um fabuloso trabalho, executado com bom-gosto e com uma força e lirismo infelizmente cada vez mais incomuns no panorama descaracterizado que atravessamos. Este álbum é, em simultâneo, um disco e um livro, recheado de participações especiais de diversos artistas, como músicos, escritores e fotógrafos (entre os quais Adolfo Luxúria Canibal, Gilberto de Lascariz, Fernando Ribeiro e Pedro Laginha), que, a partir do universo temático das canções de Cabaret Portugal, ergueram uma cosmogonia estética muito particular.

Alguns dos artistas estarão presentes na apresentação para lerem os seus trabalhos. Eu irei ler a peça com a qual participo, intitulada Ensaio aos Peixes.

Fiquem com o vídeo do single titular do álbum.


quinta-feira, 29 de março de 2012

"O Homem Corvo" chega a 13 de Abril


«Não muito longe daquele sítio, o Homem Corvo encontrou outro bicho: era o Urso Amuado, que tinha um braço enfiado num buraco de um tronco de árvore. "O que é que eu posso fazer para tu gostares de mim, amigo malcheiroso?", perguntou o Homem Corvo. "Quero comer o mel que está aqui dentro, mas está tão fundo que não sou capaz de apanhá-lo", disse o Urso Amuado. "Se me deres este mel todo, prometo que fico a gostar de ti."»
O Homem Corvo, escrito por mim e ilustrado por Ana Bossa com direcção fotográfica de Nuno Bouça, chega às livrarias no próximo dia 13 de Abril pelas edições Saída de Emergência.

Em breve, darei informações sobre a sua apresentação e sobre a abertura da exposição das ilustrações.

terça-feira, 27 de março de 2012

domingo, 25 de março de 2012

"O Homem Corvo" chega em Abril


O Homem Corvo (Saída de Emergência), o meu primeiro livro para crianças, ilustrado por Ana Bossa e com direcção de fotografia de Nuno Bouça, chegará às livrarias no próximo dia 13 de Abril.

«Mas à noite, na cidade, quando toda a gente já apagou a luz para dormir, qualquer barulhinho parece um barulhão e, nessa noite, nesse instante, alguém ouviu a Menina Clara a chorar. Sem que ela o esperasse, o Homem Corvo entrou-lhe no quarto, pela janela aberta.»

Abram as vossas janelas para deixar entrar o Homem Corvo: façam-se fãs da sua página de Facebook e descubram imagens exclusivas do seu making of.


quinta-feira, 22 de março de 2012

Pré-publicação do "Compêndio de Segredos Sombrios e Factos Arrepiantes"


O número doze da Revista BANG! (revista quadrimestral e gratuita sobre literatura fantástica, publicada pelas edições Saída de Emergência) traz uma pré-publicação exclusiva do Compêndio de Segredos Sombrios e Factos Arrepiantes, intitulada "As Portas do Diabo".

A Revista BANG! é um exclusivo das lojas FNAC: procurem a loja FNAC mais próxima da vossa área, levem a Revista BANG! para casa e leiam, em primeira mão, um dos inúmeros segredos sombrios que o Compêndio de Segredos Sombrios e Factos Arrepiantes tem para vos contar.

Visitem o weblog oficial do Compêndio de Segredos Sombrios e Factos Arrepiantes para descobrirem novidades exclusivas sobre ele: assinem a newsletter e recebam todas as actualizações por email.

Cornudos de Lisboa


Quem leu o meu romance Lisboa Triunfante (Saída de Emergência, 2008) lembra-se certamente das primeiras páginas do terceiro capítulo "O Reino do Sol", no qual falo sobre a obsessão lisboeta por cornudos e práticas humorísticas com eles relacionadas, assim como o costume de pendurar cornos nas portas dos indivíduos suspeitos ou sabidos de terem sido enganados. Acima, pode ver-se uma reprodução de uma lei promulgada por D. José I que proíbe essa brincadeira, «o delito de pôr cornos».

Escrever sobre Lisboa é um privilégio imensurável.
Nesta ligação, quem ainda não conhece Lisboa Triunfante pode ler um excerto desse romance em PDF: http://www.saidadeemergencia.com/uploads/books/samples/0vq_Lisboa-Triunfante.pdf

Romance editado em duas capas diferentes: a da Raposa e a do Lagarto.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Poesia de Pedra


Para celebrar o Dia Mundial da Poesia, lembrei-me de publicar um excerto do meu romance Batalha (Saída de Emergência, 2011): neste trecho, pode ler-se um poema maçónico que escrevi sobre os pedreiros e o arquitecto do Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Na narrativa, corresponde ao encontro da personagem principal, a ratazana Batalha, com a enorme catedral ainda a ser construída.

«Uma nevoeirada de poeira de terra e de pedra desbastada cercava o gigantesco edifício, como um miasma oriundo das profundezas e, ao cimo, cobrindo os pináculos oleifoliados, oblíquos às nuvens que pareciam tocar, uma grelha composta por andaimes, cordames e tapumes servia de sustentáculo às operações ruidosas de canteiros e carpinteiros, munidos de martelos e malhetes. À guisa de orelheiras, os altivos botaréus rompiam o solo e elevavam-se ao longo de paredes mais altas que as árvores, para amparar a estrutura mais imponente que a ratazana encontrara.
Às ordens do arquitecto flamengo David Huguet, os obreiros estrangeiros e portugueses cuidavam para que o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, já atrasado pela inesperada queda, há quatro meses, da recém-construída abóbada da Casa do Capítulo, não se transformasse de vez num mortório.
Nessa altura, o rei D. João, impaciente, tinha sido assertivo quanto ao prazo a cumprir para o desentulhamento da casa capitular e reconstrução da abóbada ruída; com efeito, o geriátrico e destituído mestre Afonso Domingues, logo readmitido no cargo de mestre-de-obras para colmatar o fracasso de Huguet, cumprira o juramento de reerguer a cúpula nos quatro meses impostos pelo rei.
Acabado de abalar do mosteiro, com o seu séquito de cavaleiros, D. João prometera voltar daí a três dias: período em que Domingues permaneceria sozinho na Casa do Capítulo, para provar que a nova abóbada era de confiança. Embora desaprovasse a iniciativa, D. João não teve coragem para contrariar o desejo do velhote que, ainda por cima, fora seu companheiro de armas. Dera-lhe os três dias, mas nem um momento a mais. Antes de partir, instruiu Huguet para que não deixasse ninguém incomodar o velho arquitecto e que todos os trabalhadores se concentrassem, preferencialmente, em outras áreas da construção, para não agitar a estrutura da nova abóbada, já extirpada dos simples que a suportaram.
Com essa admoestação em mente, ex-mestre-de-obras e obreiros, porfiavam, enquanto cantavam para animar as almas:

Contentamento eternal
a quem assim edifica,
em firme união fraternal,
a catedral magnífica.

A cada obreiro é oferecido
um trabalho e uma data:
venturoso é o distinguido
com esse ouro e essa prata.

E cada obreiro ergue um templo
com força e habilidade.
São pedras que abarbam o tempo
e estão na imortalidade.

Riem o alvenel e o canteiro,
ao emendarem os enganos.
Das suas mãos, este mosteiro
assombrará olhos profanos.

O cantochão dos obreiros, virgulado por malhetadas, quase que lubrificava com ressonância as lajes da amplíssima catedral — arte na argamassa, canções que cimentavam; e, nessa lógica de miscigenar o espírito e a matéria, de cunhar com a voz aquilo que se erguia, Batalha compreendeu o que Pedranceiro procurava, aquilo que ele próprio também procurava e que, ao fim e ao cabo, todos os bichos procuravam, às vezes sem sabê-lo, sem terem noção. Compreendeu que ali, à sua frente, estava definição.
Sentido.
Significado.
Naquele vale ruidoso e enlameado, polvilhado de poeira e lascas de pedra, tresandando a suor, a lixo e a dejectos de animais, a vida ganhava um objectivo radiante e a morte era enobrecida, porque, como Batalha intuíra, se estava a deixar uma coisa para trás.

Uma coisa boa.

As carroças passavam junto dele, mas Batalha já não se desviava, tão absorto se encontrava na contemplação da catedral.
Na contemplação do segredo lítico que esta encerrava.
Os homens, por piores que fossem, eram bichos construtores: dos casebres às catedrais, tudo o que faziam era no sentido de marcarem presença no tempo; de, através da preparação da pedra perdurável, também persistirem.
Desde a alvorada do mundo, durante a qual, insignificantes, os bichos homens escolhiam os ossos mais belos para decorarem as sepulturas dos seus mortos, que eles já tentavam findar a finitude erguendo pártenones, panteões e pirâmides de pedra e cascas vazias: sinfonias de vitória, mas não cantadas — imaginadas. Sonhadas.
O mesmo sonho que os fizera pôr-se de pé, entre os corpos dos seus antepassados e os cadáveres ainda frescos dos seus descendentes: a vontade de olhar as estrelas de perto, de falar com elas. De, como elas, se firmarem. De luzirem.
Havia rebeldia nesses desmesurados edifícios que eles construíam: havia cultura e simbologias que se tornavam mais brilhantes ainda, quanto mais terrível fosse a implacável calandragem do tempo. Esse é que era, sem dúvida, o único deus que existia — e o único que valia a pena existir —, o único que, de facto, fazia falta.
A imaginação.
Esse deus magnânimo que agarra a matéria muda e a transmuta em verdadeira catedral orgânica, capaz de, nos trifórios, arquivoltas e galerias do seu piso superior, arquitectar um plano para a vida, um plano para transcender a vida.
Sim, matava-se e destruía-se, comia-se e era-se comido, mas, no final, depois da das injustiças e dos merecimentos serem esquecidos, depois da poeira e do ruído assentarem, o que ficava era a Obra.
A Dádiva.
Essa é que é era a verdadeira razão de viver: não era o mundo que tinha que dar sentido à vida, mas era ela que tinha que dar sentido ao mundo. Cada criatura era uma laje dessa sumptuosa catedral e todos os momentos contavam. Nada, nada, nada podia ser desperdiçado. Nada tinha pouca importância. Nada era trivial.
Escutando o zurrar dos burros, mais os mugidos dos bois, os rinchares das rodas das carroças e os raspares dos cinzéis nas pedras por polir, Batalha, a ratazana, sentiu-se transferida para um andar superior da consciência, da existência.
Nunca mais voltaria a ser a mesma criatura e, por isso, estava grata. Estava paralisada pela beleza tremenda daquele momento. Pela felicidade imensurável de sair das trevas para a luz. Então, fez a única coisa que alguém, confrontado com o terrível maravilhoso, é capaz de fazer.
Chorou.»


terça-feira, 13 de março de 2012

Revista da Maçonaria: apresentação


O segundo número da IIª série da Revista da Maçonaria será apresentado por José Fanha no próximo dia 16, às 18H00, no Anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

domingo, 11 de março de 2012

Moebius morreu

Morreu o Moebius.
Agora é provável que os abutres que sempre desdenharam da sua obra, e da banda desenhada, em geral, se gladiem pela sua carcaça em artigos encomiásticos, cada qual esganiçando-se sobre a genialidade e importância do seu trabalho, tentando (por associação) brilhar nem que seja um pedacinho. Bem podem tentar: quando uma estrela morre, brilha que se farta e ofusca tudo o que a rodeia. Ou seja, ninguém dará pela vossa presença. A melhor forma de homenagear e recordar Moebius é lendo os seus livros. Leiam-nos.

sábado, 3 de março de 2012

Tertúlia dos Assassinos


Charles Sangnoir, compositor e músico de La Chanson Noire e organizador dos espectáculos Cabaret Seixal (2010 e 2011), criou a Tertúlia dos Assassinos:

«A
Tertúlia dos Assassinos é um colectivo de performance transdisciplinar, formado por Aires Ferreira, Charles Sangnoir, David Soares, Gilberto Lascariz e Melusine de Mattos. A premissa basilar da Tertúlia dos Assassinos consiste em devolver à literatura o seu cariz perigoso, subversivo e mordaz - como outrora o foi, através das palavras de autores como Sade, Baudelaire, Lautréamont ou Poe. As apresentações ao vivo, densas, intensas e provocadoras, consistem na leitura em palco de textos originais por parte dos autores acima citados, à luz de velas e de projecções de vídeo, a preto e branco, acompanhados ao piano por Chares Sangnoir - o resultado sendo verdadeiramente arrebatador.»

Acima, encontra-se a foto de família da Tertúlia dos Assassinos (visitem a sua página oficial no Facebook): um grupo composto por uma senhora e quatro cavalheiros de classe, mas cujas mentes são tudo menos bem-comportadas. Em breve, num palco perto de si, para mostrar a força da palavra. Literatura e interpretação para connaisseures exigentes. Fiquem atentos.

Para aguçar-vos o apetite pelo primeiro espectáculo da Tertúlia dos Assassinos, deixo-vos com a intensa interpretação que apresentei no espectáculo Cabaret Seixal do ano passado: a peça intitula-se Ensaio Sobre o Mal (a gravação de imagem não é a melhor, infelizmente, mas o que interessa é a palavra). Para ouvir com o som no máximo e às escuras.

Ensaio Sobre o Mal from David Soares on Vimeo.