terça-feira, 31 de julho de 2012

"Os Anormais: Necropsia De Um Cosmos Olisiponense" editado a 1 de Setembro


Os Anormais: Necropsia De Um Cosmos Olisiponense sai a 1 de Setembro: spoken word com textos e voz de David Soares e música de Charles Sangnoir. Uma obra erudita e negra, sobre os indivíduos deformados e excêntricos que viveram em Lisboa, que une o rigor da história à poesia do mito.
Os Anormais vão transformar as vossas almas: «vamos visitar os volutabros imaginais de Lisboa» em Setembro.
Uma edição conjunta da Necrosymphonic Entertainment e da Raqing Planet

domingo, 22 de julho de 2012

Encontro com os leitores em Canas de Senhorim


Adorei a minha ida à bela vila de Canas de Senhorim, a convite do Grupo Prometeu, para uma conversa no Indiferente Bar sobre a minha obra literária, tendo como mote a publicação do meu novo livro Compêndio de Segredos Sombrios e Factos Arrepiantes (Saída de Emergência, 2012): bom ambiente, leitores interessados que participaram na conversa com perguntas inteligentes - um sucesso. Obrigado, Renato Bispo, Maria João Antunes e restantes elementos do Grupo Prometeu, pelo convite e excelente acolhimento.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Vídeo da Tertúlia dos Assassinos - com o meu texto "O Plutão da Pena"



Um pequeno registo em vídeo do espectáculo de estreia da Tertúlia dos Assassinos (Charles Sangnoir, Aires Ferreira, David Soares, Gilberto Lascariz e Melusine de Mattos), na passada sexta-feira 13, no Auditório Fernando Lopes Graça, em Cascais. O som e a imagem não são os melhores, mas dá para ficarem com uma ideia do ambiente criado em palco.

Para se deleitarem em perfeição com as palavras colectivas da Tertúlia dos Assassinos nada como encomendarem o seu disco/livro de estreia, intitulado tombo primeiro (produzido e musicado por Charles Sangnoir), à editora Necrosymphonic Entertainment: um delicioso objecto de afecto, para coleccionadores, que está mesmo a prometer esgotar - por isso, não hesitem e peçam já o vosso exemplar antes que seja tarde: http://necrosymphonic.bandcamp.com/album/tombo-primeiro

Entretanto, no espectáculo cujo vídeo acima desvenda algumas passagens, eu interpretei uma peça intitulada O Plutão da Pena: uma necropsia sobre Lisboa e sobre o que temos de mais precioso. Deixo-vos com esse texto (fiquem atentos, pois em breve irei desvendar uma novidade muitíssimo empolgante relacionada com ele).



O Plutão da Pena

A plúmbea antemanhã assemelha-se ao fundo encardido de um crisol abandonado por um alquimista inepto; a chuvarada dos seus nimbos enodoa que nem anitmonium os telhados e abstrai-se pelas áleas azafamadas como uma lavagem que separa as partes heterogéneas da matéria-prima que é a própria cidade.
Enquanto o aguaceiro matinal metamorfoseia em lama o solo do terrádego do Rossio e alguns galegos cobrem com tábuas essa papa terrenta para que as damas não sujem as solas quando forem buscar bric-à-brac às barracas dos negociantes, tremem os topetes dos cavalos ao som de aguçados trinados, vindos da boca de uma criança. Depois de uma noitada de pândega, e gingando as ancas como uma vespilheira, o garotelho atravessa a praça em direcção a casa, soltando assobios gasólitos que embatem nas vidraças como em címbalos. É um miúdo desassossegado, de gestos quasi-garrettianos, porém uma observação atenta desvenda que ele não é miúdo nenhum, mas uma criatura saída do solo ensopado: um diabrete olhando de esguelha para as gotas de chuva que lhe alfinetam o maxilar prognático.
Cambaleando entre o labirinto formado pela multidão que, àquela hora, já compressa a cota mais abatida de Lisboa, esta entidade diminuta, enfarpelada com uma sobrecasaca de saragoça e um chapéu comprido de feltro, mais parece um hectograma impresso pela precipitação na mole superfície da terra. Alguns moradores da freguesia da Pena riem alto ao vê-lo regressar e fingem querer deitar-lhe o chapeirão ao chão: sem perder a compostura, o leviano liliputiano devolve-lhes o troco das truculências na forma de assobios estridentes que dá com dois dedos metidos na boca. Assobios fortes o suficiente para deitar casas abaixo.
Que idioma sibilino é este, que evoca El Sibo, dialecto de silvos inventado pelos indígenas Guanches de La Gomera no arquipélago canarino? Este linguajar é a gramática de Guayota, senhor infernal do vulcão Echeyde, o intróito sulfúrico de um mundo inferior feito de tórridas torrentes de lava onde habitam os Tibicenas: diabólicos anões cinocéfalos com corpos cobertos de lanugem negra. A linguagem trinada é hipocáustica – lausperénica: autêntico pleroma do qual emanam os entes elementares deste plutónico meristema. Enroupado de lã preta, o Anão dos Assobios da paróquia da Pena é um hodierno e cinocefálico Tibicena que sopra arcanos por Lisboa naquilo a que os comerciantes ingleses chamam de “assobios-de-lobo”: estrídulas gaitadas produzidas com os dedos enfiados na boca.
Quem são estes anões cuspidos pelo ventre da terra?
Para que participações plexiformes foram projectados?
Amoldados na forja de Hefesto, vejam-nos emergir desse estrato plutoniano em períodos de pestilência e guerra. Os assobios deles mimam os esguichos gasosos solfejados por extrusivas salpinges vulcânicas: a língua de animais com ferro na alma, pois estas criaturas fenocristalóides assenhoreiam a arte de extrair metais dos minérios – o magistério metalogénico.
Na mitologia, os anões, seres sapudos que povoam as partes privadas das serranias, apresentam-se como mestres metalúrgicos; tropo transmitido até aos nossos dias pelo mago suíço Paracelsus que, no século XVI, criou a – até aí inédita – figura do gnomo: elemental imaginário que reside nas cavidades intestinas e é capaz de passar por paredes de pedra. Segundo Paracelsus, os gnomos, cuja etimologia por ele inventada significa habitantes da terra, evitavam a companhia dos homens, mas nas Eddas, escritas pelo historiador islandês Snorri Sturlson, os homens são criados, justamente, pelos anões: o homem e a mulher originais – Ask e Embla –, feitos de terra e casca de árvore. Os gnomos paracelsianos são os ínfimos humanóides que, nas histórias infantis, se encovam no mundo quotidiano. Há magia velha por trás dos rodapés, por baixo dos tapetes e entre as ervas mais altas dos jardins – existem espíritos milenares entre as nossas almas bebés: e quando finalmente perecem, cansados de carregarem tanta sabedoria, convertem-se em árvores.
De acordo com a dendrolatria pré-diluviana, já tivemos corpos vegetais: existem ecos da jornada de preguiçosa vida vegetal para impetuosa vida animal no espantoso livro Hypnerotomachia Poliphili do dominicano italiano Francesco Collona; existem ecos desta ligação dendrológica nas mitocôndrias que residem nas nossas células e na hemoglobina que, pasme-se!, pode encontrar-se nos caules mais carnudos das plantas. Existe ferro nos veios das montanhas e nas nossas veias… Não é a toa que, nas lendas de outrora, os anões fruam já formados das fragas: eles e nós somos descendentes da prole goblinesca dos Telamones: titãs condenados a serem cariátides das estruturas mais densas do planeta e que, com o inexorável avançar do tempo, se integraram em definitivo na própria rocha. De pedra a planta e de planta a bicho. De Pedra Bruta a Pedra Cúbica. Os ritmos da selecção natural e os da matéria amalgamada no fundo do crisol são sempre os mesmos: inícios morosos que dão lugar a cadências cada vez mais aceleradas. Caminhando pelas bulhentas ruas da freguesia da Pena com a ajuda de uma bengala – tirso recheado de fogo prometeico –, o desfigurado e fedentino Anão dos Assobios é um mercurial mensageiro metassomático: é um anão que nos lembra uma idade em que andavam gigantes sobre a terra – uma alegoria viva do princípio ctónico que é transformado pelo elemento fogo em substância humana.
Esta é que é a verdadeira riqueza guardada pelos míticos anões mineralomórficos nas furnas mais fundas da terra: o talento de transmutar a pedra em carne e a carne em imaginação.
Quantos tolos perderam a razão e a vida em vã obsessão pelo ouro, em traiçoeiros enleios de territórios subterrâneos, sem encontrarem uma única pepita? Porém, o raro e valiosíssimo ouro, metal tão notável que só pode ser dissolvido pela nobre água-régia, é, afinal de contas, alienígena: não é proveniente deste planeta e só foi aqui derramado há cerca de 4 mil milhões de anos por desapiedadas tempestades de meteoritos. Nessa altura, o caroço de ferro e fogo já cá estava: o ouro extraterreno é apenas a auréola dourada que a circula.
Mas existe ouro dentro de nós.
Existe ouro nas estátuas que esculpimos, nos quadros que pintamos e nos livros que escrevemos – e a arte, como o ouro, é impossível de falsificar. Aquilo que produzimos de mais precioso é, como o ouro, raríssimo. Sim, há minério dentro de nós: fundações de ferro e pedra, vigas de faia e pinheiro, mas sem o nimbo refulgente que nos coroa nada disso faria sentido, por mais bem arquitectado que fosse, por mais belíssimo que se apresentasse ou por mais perdurável que provasse ser. Existe ouro dentro de nós: não somos derrelictos. Não fomos lançados no mundo sem outra perspectiva além da morte, porque através da arte – do ouro – podemos transcendê-la. Todos somos, bem vistas as coisas, Anões dos Assobios: mestres metalurgistas daquele que é o metal mais magnífico que temos, o metal mais brilhante de todos.
Quasi-ressumbrante, como se fosse feito de gelo, o esqueleto do Anão dos Assobios foi apresentado no acabado Museu de Anatomia do Hospital de São José, onde faleceu em meados do século XIX, condizentemente ao período em que a Companhia Lisbonense de Iluminação a Gás instalou os primeiros vinte e oito candeeiros públicos em Lisboa – luzes que a gente intimidada logo intitulou de “luciferinas”, sem compreender o quanto essa alcunha era adequada do ponto de vista etimológico. Diminuto, o esqueleto do Anão dos Assobios foi o Plutão desse acervo de anormais ossaturas humanas.
Plutão é a caliginosa divindade da profundez que benzeu com o seu nome aquele que já foi o mais pequeno planeta do sistema solar, entretanto destituído dessa categoria por culpa da falta de volume: somente seis pontos decimais do da Terra – ainda mais pequeno que a Lua. Que maravilhoso magnetismo afluíu na Cintura de Kuiper, a mais de oito mil milhões de quilómetros de distância do Sol, para desovar tão grandiosa miudeza? Que sigilos guarda a crosta gelada de Plutão, a não ser gaitadas feitas de metano, nitrogénio e monóxido de carbono – atmosfera tão hadesiana quanto a do mitológico podredouro vigiado por Cérbero?
Existe ferro, aqui, no negro calcinatório do cosmos; e existe ouro, também, mais perto de nós, para lá de Mercúrio – e entre estes dois ventos, entre o fervescente Siroco solar e a glacial Nortada plutónica, estamos nós, milagrosa matéria viva: o único verdadeiro grande milagre do universo, pois que outro nome se poderá dar ao acidente em que proteínas anarquizadas deram origem a genes civilizados? Ou será que foram os genes a dar origem às proteínas? A verdade é que uns não podem existir sem os outros, por isso… Quem nasceu primeiro? O caos ou a ordem? O ovo ou a galinha? Esta cósmica diprosopia é que é o verdadeiro Inferno: aquele em que o poeta florentino Dante pôs Plutão a roer as unhas. Paráfises da História; tão filamentosas e indiferentes quanto caudas de cometas.
Na paróquia da Pena perderam-se os restos mortais de Camões, a uma pedrada de distância do local onde se perderam os do Anão dos Assobios. Este sorvedouro de mártires da pátria é a Cintura de Kuiper de Lisboa. Aqui, a gravidade é tão rarefacta que nada persiste, nada tem hipótese de perdurar. Nem sequer o matadouro que aí fizeram no século XVI, nem sequer o manicómio oitocentista de Rilhafoles, mais tarde Hospital Miguel Bombarda, com o seu panóptico também em forma de sorvedouro. Aqui, nesta terra negra onde apenas corpúsculos são capazes de desforrar-se, de medrar, todas as hipóteses são fúteis fosforescências.
Faíscam em lentíssimas órbitas plutónicas, como serenas moedas no fundo de um poço. Tremeluzem tibiamente, como resíduos no fundo encardido de um crisol abandonado por um alquimista inepto.
Como chuva escorrendo pelos telhados numa manhã sem luz.
Ruínas tornadas invisíveis pela corrosão da fantasia.

Encontro com os leitores em Canas de Senhorim no próximo Sábado 21


No próximo Sábado, dia 21, às 17H00, estarei no Indiferente Bar, em Canas de Senhorim, para um encontro com os leitores, a convite do Grupo Prometeu. Será, pois, uma conversa sobre a minha obra literária, tendo como ponto de partida o meu novo livro Compêndio de Segredos Sombrios e Factos Arrepiantes (Saída de Emergência, 2012). Podem marcar presença na página de Facebook do evento nesta ligação: https://www.facebook.com/events/334275159990700/334277316657151/?ref=notif&notif_t=plan_mall_activity
Leitores das Beiras - e não só - passem a palavra e assinalem o dia nas vossas agendas. Obrigado.

terça-feira, 17 de julho de 2012

"Ensaio Sobre o Mal" em "tombo primeiro"


O disco/livro de estreia da Tertúlia dos Assassinos, intitulado tombo primeiro, já está disponível para venda na ligação em anexo. Contém interpretações, de se lhes tirar o chapéu, dos grandes Charles Sangnoir, Aires Ferreira, Gilberto Lascariz e Melusine de Mattos.

Eu também lá estou: atrevam-se a ouvir a nova interpretação da minha peça Ensaio Sobre o Mal, na qual, em definitivo, esclareço sem sombra de dúvida 1) o que é o Mal, 2) porque é que ele existe e, mais importante, 3) porque é que ele nunca poderá ser completamente aniquilado. São séculos de aturada reflexão filosófica e teológica que eu, em meros 37 minutos, me atrevo a ultrapassar.

Este disco/livro, musicado e produzido por Charles Sangnoir, é um precioso objecto de afecto.

Encomendem-no já: http://necrosymphonic.bandcamp.com/track/ensaio-sobre-o-mal

sábado, 14 de julho de 2012

Tertúlia dos Assassinos: fotos do espectáculo de estreia

Fotos tiradas durante o espectáculo de estreia da Tertúlia dos Assassinos (combo transdisciplinar composto por Charles Sangnoir, Aires Ferreira, David Soares, Gilberto Lascariz e Melusine de Mattos), na passada sexta-feira 13, no Auditório Fernando Lopes Graça, em Cascais. O disco/livro de estreia da Tertúlia dos Assassinos, intitulado tombo primeiro, já se encontra disponível para venda no site da editora: http://necrosymphonic.bandcamp.com/album/tombo-primeiro


Charles Sangnoir



Aires Ferreira





Gilberto Lascariz





Melusine de Mattos






David Soares






terça-feira, 10 de julho de 2012

Tertúlia dos Assassinos na próxima sexta-feira 13 em Cascais


Na próxima sexta-feira, dia 13, às 21H30, a Tertúlia dos Assassinos (combo de interpretação artística composto por Charles Sangnoir, Aires Ferreira, David Soares, Gilberto de Lascariz e Melusine de Mattos) irá dar o seu espectáculo de estreia no Auditório Fernando Lopes Graça, em Cascais (Parque Palmela). O disco/livro de estreia, produzido e musicado por Charles Sangnoir, e intitulado Tombo Primeiro, estará disponível para venda.

A peça que irei interpretar no espectáculo chama-se O Plutão da Pena e é uma necropsia sobre Lisboa e sobre o que temos de mais precioso (o que será?). Garanto que irão "borrar-se de medo" nesta sexta-feira 13 com uma performance colectiva verdadeiramente homicida. Divulguem e não faltem!


Tombo Primeiro, o disco/livro de estreia da Tertúlia dos Assassinos terá o preço especial de lançamento de dez euros. Dele faz parte uma nova interpretação da minha peça Ensaio Sobre o Mal.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

"O Plutão da Pena" na estreia da Tertúlia dos Assassinos


O texto que irei interpretar no primeiro espectáculo da Tertúlia dos Assassinos será uma peça intitulada O Plutão da Pena. Tanto esta peça como A Lua do Loreto (já anunciada) fazem parte de um trabalho de que darei notícias mais pormenorizadas em breve. Para já, basta dizer que será um prazer ver-vos a todos no Auditório Fernando Lopes Graça, em Cascais, às 21H30 no próximo dia 13 de Julho para a estreia em palco da Tertúlia dos Assassinos - o disco de estreia, tombo primeiro (com produção e música de Charles Sangnoir, de La Chanson Noire), estará disponível para venda. Fiquem, entretanto, com um excerto de O Plutão da Pena:
«A plúmbea antemanhã assemelha-se ao fundo encardido de um crisol abandonado por um alquimista inepto; a chuvarada dos seus nimbos enodoa que nem anitmonium os telhados e abstrai-se pelas áleas azafamadas como uma lavagem que separa as partes heterogéneas da matéria-prima que é a própria cidade.
Enquanto o aguaceiro matinal metamorfoseia em lama o solo do terrádego do Rossio e alguns galegos cobrem com tábuas essa papa terrenta para que as damas não sujem as solas quando forem buscar bric-à-brac nas barracas dos negociantes, tremem os topetes dos cavalos ao som de aguçados trinados, vindos da boca de uma criança. Depois de uma noitada de pândega, e gingando as ancas como uma vespilheira, o garotelho atravessa a praça em direcção a casa, soltando assobios gasólitos que embatem nas vidraças como em címbalos. É um miúdo desassossegado, de gestos quasi-garrettianos, porém uma observação atenta desvenda que ele não é miúdo nenhum, mas uma criatura saída do solo ensopado: um diabrete olhando de esguelha para as gotas de chuva que lhe alfinetam o maxilar prognático.
Cambaleando entre o labirinto formado pela multidão que, àquela hora, já compressa a cota mais abatida de Lisboa, esta entidade diminuta, enfarpelada com uma sobrecasaca de saragoça e um chapéu comprido de feltro, mais parece um hectograma impresso pela precipitação na mole superfície da terra.»

domingo, 1 de julho de 2012

Opinião do crítico norte-americano Larry Nolen sobre "Batalha"...


...numa das suas listas de leituras deste ano:
«I want to comment more on this animal fable later,
but this short novel only confirms that
he is one of the best writers in the world today,
at least in my inflated opinion :)»