sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Sobre eReaders #2

O escritor norte-americano Nicholas Carr (The Shallows) publicou há quatro dias no seu weblog um artigo em que divulga relatórios estatísticos actualizados sobre a venda de eBooks que comprovam o declínio desse mercado: escreve Carr que «The AAP [Association of American Publishers] findings are backed up by a remarkable new Nielsen report indicating that worldwide e-book sales actually declined slightly in the first quarter from year-earlier levels — something that would have seemed inconceivable a couple of years ago» (sublinhado meu).
Os relatórios divulgados por Carr podem ser consultados aqui e aqui.

Apesar dessas ligações ainda profetizarem, desesperadamente, que 2014 será um ano espectacular para a venda de eBooks, é inegável que 2013 não está a sê-lo e que a morte definitiva desse suporte está para breve: um suporte recebido com enorme entusiasmo por editores sem escrúpulos e sem espírito que, contando com o beato deslumbramento sentido pelos tecnófilos mais tontos diante de tudo o que cheira à santidade da novidade, pensaram em produzir livros digitais sem os custos de impressão e distribuição, mas com preços de venda ao público da mesma grandeza daqueles com que são vendidos nas livrarias os livros de papel - chico-espertismo do mais abissal nível merceeiro que, felizmente, não medrou. Além disso, parece que esses chicaneiros da edição nunca pensaram (ou não quiseram pensar) que um livro disponível para venda em formato digital seria logo pirateado até à exaustão. Que lhes faça bom proveito.

É, pois, com regozijo que danço na sepultura dos eBooks, dos eReaders e de outras eStultices similares - monstros modernos que me repugnam profundamente. Aliás, há três anos que ando a cavar essa sepultura, como poderão ler nos meus artigos Sobre eReaders e Os Cangalheiros da Literatura, publicados em Agosto e Setembro de 2010, que vos convido a reler ou a descobrir: artigos que, neste momento, à luz dos supracitados relatórios de vendas, posso perfeitamente apelidar de predizentes.

Quando o tempo dá razão a um homem é sinal de que as suas ideias eram, de facto, as melhores.